Essa é uma famosa rua que deve ser conhecida por todos os turistas que visitam o Rio de Janeiro.
Determinadas ruas são tão importantes, que não devem ficar de fora do roteiro do viajante. Iremos percorrer juntos esses logradouros na coluna "Ruas Turísticas". Nela, descobriremos a história, curiosidades e o que fazer nessas vias centenárias do nosso Brasil.
João do Rio, grande cronista e carioca dos finais do século XIX e início do XX, dizia que "as ruas tem alma". Ele tinha razão. Quando entramos em contato com algumas ruas, logo sentimos o passado e entendemos o presente. E eu não poderia deixar de inaugurar essa coluna com uma via que é pura essência carioca: sejam bem-vindos à Rua do Ouvidor.
Para o turista que não conhece a Rua do Ouvidor, não se engane. Ela não é larga como grandes avenidas, modernas, cheia de arranha-céus. Sim, nela a arquitetura de ontem e hoje se mesclam, mas as características de séculos passados ainda se destacam.
A Rua do Ouvidor no Período Colonial
Localizada no Centro Histórico do Rio de Janeiro, a Rua do Ouvidor é do período colonial e guarda em si essa atmosfera. É estreita, carros de passeio não são permitidos nela, o chão é de paralelepípedos e ainda há muitos sobrados e prédios do século XIX que nos fazem sentir um pouco do que era o Rio Antigo.
Ela começou como um simples Desvio do Mar, pois perto dela batia a água, ainda no século XVI. Depois, foi crescendo e ganhando outros nomes. Ela já teve muitos, como, por exemplo, Rua da Cruz, devido à Igreja de Santa Cruz dos Militares, que fica ao seu lado.
Porém, o nome que realmente marcou foi Rua do Ouvidor, pois nela residiam os magistrados no século XVIII, sendo o mais importante, Francisco Berquó, nas proximidades do número 63, por volta de 1780. Assim, a rua que todos ousavam adotar um nome, se tornou oficialmente do Ouvidor.
A Rua do Ouvidor no Rio Antigo
Por que, uma rua aparentemente comum, como tantas outras do Rio Antigo, teve tamanha relevância? Os fatos são muitos. Ela já foi a rua mais importante não apenas do Rio de Janeiro, mas do Brasil. Era a rua das novidades, tudo acontecia primeiramente na via que era a favorita de Machado de Assis.
No século XIX, com a vinda de imigrantes sobretudo franceses e ingleses, que se estabeleceram nela, aos poucos, a Rua do Ouvidor se tornou um ponto de encontro, um local de sociabilidades para os cariocas que amavam sentar nos cafés, visitar livrarias e fazer compras.
Ela só perdeu esse posto com a abertura da Avenida Rio Branco, também no Centro da Cidade, no início do século XX. Portanto, visitar a Cidade Maravilhosa e não caminhar no local que tantas pessoas da nossa história já passaram, é imperdoável. Vamos descobrir o que há na Rua do Ouvidor para se fazer, além de conhecer o passado.
Algumas dicas importantes
As possibilidades são muitas. A Rua do Ouvidor é estreita, porém, longa. Se inicia, para quem não está bem familiarizado, na Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores, terminando, no Largo de São Francisco de Paula. Caminhar por toda a sua extensão é uma passeio agradável e curioso. Em seu começo, o turista pode conhecer, como já mencionei, a Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores, que é uma preciosidade rococó do século XVIII.
Ao seu lado, temos a Livraria Folha Seca, que possui em seu catálogo muitos livros relacionados ao Rio de Janeiro, é um ponto de encontro importante na cidade. Diversos escritores lançam seus livros por lá, com direito a muita roda de samba ou choro. Aliás, esse trecho da Rua do Ouvidor é conhecido pela musicalidade.
Há muitos bares e restaurantes, e em praticamente todo fim de semana, há música ao vivo. Um ambiente tipicamente carioca. Uma dica de restaurante com preço acessível é o Parada do Ouvidor, bastante conhecido pelos cariocas.
Já no outro extremo da Rua do Ouvidor, o turista não pode deixar de visitar a Confeitaria Manon, que é datada de 1942, é muito conhecida pelo delicioso Madrilenho (pão doce com creme e goiabada) e foi cenário para uma importante cena do vencedor do Oscar "Ainda Estou Aqui".
A Travessa do Ouvidor, que fica adjacente à via tão famosa, também é um ponto interessante para se conhecer. Nela, há uma estátua em homenagem a Pixinguinha, mestre do choro que muito a frequentava. De frente para ela, há um prédio muito importante. O turista pode ler em sua placa que lá ocorreu a sessão de fundação da Academia Brasileira de Letras em 15 de dezembro de 1896, com Machado de Assis.
Desbravar a Rua do Ouvidor e seus arredores significa visitar um Rio do passado e também um Rio do presente. É conhecer para além da superficialidade, é sentir a cidade, vivenciando-a da maneira mais natural possível.
Olhe atentamente para cima, para os detalhes dos sobrados, as placas informativas sobre estabelecimentos do passado que ela existiram e hoje só estão na memória. E, para o turista que deseja chegar nesse logradouro tão importante já sabendo afundo suas histórias e lendas, baixe gratuitamente na Internet o livro Memórias da Rua do Ouvidor, de Joaquim Manuel de Macedo.
Texto de Mayara Vasconcelos. Repostado de:
https://www.turismobrasileironoar.com.br/noticias/ruas-tursticas/1592008/1
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