quarta-feira, março 22, 2017

A História do Rio da Prata do Cabuçu (RJ)


A história dessa bela localidade vem dos tempos do grande Engenho do Cabuçu, que chegava até os limites de Guaratiba. O engenho era de propriedade de Úrsula Martins, no final do século XVIII, mãe de Anna Maria da Conceição e do Sargento-Mor (patente na época de oficial superior, acima de capitão e abaixo de tenente-coronel) Joaquim Cardoso dos Santos, que passou a administrá-la a partir de 1811. Fazia limite com as terras de João Fernandes Barata, com a propriedade de José Pereira Monteiro Torres, dono das terras do Cabuçu de Baixo, com a posse de José Justino de Silveira Machado, em Cachamorra, e com a Fazenda do Juary, do Major Agostinho José Coelho da Silva.

A partir de 1820, começaram os litígios familiares na hora da partilha dessas terras. Com o tempo, a situação foi se normalizando e, na década de 1870, a Fazenda Cabuçu já era uma importante produtora de café e aguardente. Já a Fazenda do Rio da Prata do Cabuçu (existia também a do Rio da Prata do Mendanha) teve a sua dose de litígios judiciais em meados do século XIX).

No final do século, Maria Teixeira Alves, viúva do Capitão Francisco Teixeira de Sousa Alves, recebeu e aceitou uma proposta de cessão de grande parte das terras, incluindo as águas das cachoeiras do Rio da Prata (que até hoje é uma opção de lazer na região) para o uso dos trabalhos da Fábrica Bangu.

No século XIX, o Rio da Prata viveu de forma intermitente o ciclo da laranja, que tomou conta de Campo Grande e de outros bairros da então zona rural da cidade, além da Baixada Fluminense, durante os anos 1930 e 1940, principalmente. Além disso, o Rio da Prata ganhou uma linha de bondes, que ia até o centro de Campo Grande, e recebeu obras de drenagem e retificação dos seus rios na década de 1940, pelo Departamento Nacional de Obras de Saneamento do Governo Federal (DNOS). Com isso, acabaram os problemas das águas represadas, que destruíam plantações e provocavam malária devido ao acúmulo de mosquitos transmissores da doença.

Além das laranjas, que, no auge da produção, ocupavam, não só a parte plana, como também as colinas do Rio da Prata, houve grande produção de mamão na década de 1920, produzido principalmente por portugueses que haviam chegado recentemente à região. Parte da produção era vendida para São Paulo. Tomate, chuchu e hortaliças em geral, além de abacate, manga, banana e caqui também tiveram grande importância na economia do Rio da Prata.

Na área do Lameirão Pequeno também houve grande produção de cana de açúcar, vendida principalmente para pastelarias e lanchonetes, que começavam a proliferar no centro de Campo Grande, e onde os clientes saboreavam uma das combinações gastronômicas mais comuns da cidade até hoje, o pastel "de vento" com caldo de cana.

Após a decadência da produção da laranja, no final dos anos 1950, produção que era também exportada, os fazendeiros que resistiram passaram a vender a fruta só para o mercado interno. Hoje o forte da produção do Rio da Prata é de plantas ornamentais, embora alguns pequenos sítios ainda produzam caqui e banana, além de existir uma horta no Lameirão Pequeno e mangueiras por todo o lado.

Outra faceta demonstrada pela agricultura local, em sintonia com a preocupação cada vez maior com a qualidade dos alimentos, é a Agroprata, grupo de agricultores que trabalha apenas com agricultura orgânica e que conta com uma produção bastante diversificada.

O Largo do Rio da Prata lembra uma pequena cidade do interior, com sua praça, igrejinha, coreto e bica (dois monumentos tombados pela prefeitura do Rio em 1996), além de várias características da vida rural, que hoje convivem com um lado mais urbano também.



A área em torno da praça abriga vários restaurantes, que se espalham por um bom trecho da Estrada do Cabuçu, lotados nos fins de semana. Mas uma olhada mais atenta às fachadas de alguns desses restaurantes permite identificar traços arquitetônicos e datas de construção que remetem a tempos em que essas casas eram vendas e depósitos que atendiam aos agricultores, muitos dos quais só desciam do morro uma vez por mês para negociar as colheitas e fazer compras. Claro que também para tomar uma cachaça de rolha, encontrar amigos e participar das festas da Igreja de Nossa Senhora das Dores e dos leilões organizados pelos fazendeiros.

A partir das décadas de 1940 e 1950, a Estrada do Cabuçu começou a receber também as lotadas, veículos de transporte coletivo anteriores aos ônibus, quase um parente distante das vans. Isso, aliado ao crescimento do número de automóveis e dos loteamentos que começaram a ser feitos, como o da Villa Jardim de Campo Grande, com 950 mil metros quadrados e demarcado em 1928, e também o loteamento próximo ao Largo do Rio da Prata, construído alguns anos depois, com casas boas e confortáveis, e que até hoje é conhecido apenas como “loteamento” (abriga a Escola Municipal Cesário Alvim e o Posto de Saúde Municipal, que antes ficava em torno da praça), o que fez com que aumentasse a população local, hoje bem maior devido à abertura de muitas ruas ao longo da Estrada do Cabuçu e à construção de vários condomínios.

Autor da Pesquisa: Adinalzir Pereira Lamego
Professor de História
Bibliografia:
Livro: O Velho Oeste Carioca Volume III. Mansur, André Luís. Ibis Libris, 2016.

Veja aqui uma excelente opção para morar no Vale do Rio da Prata. O Residencial Alcácer Prata. Mais um empreendimento de sucesso da OHF Engenharia. Ainda tem apartamentos a venda com corretores no local.

30 comentários:

  1. Fernando Fonseca24 março, 2017 11:22

    Muito bom esse blog! Adorei

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  2. Professora Talita Gonçalves24 março, 2017 11:24

    Viva a história de Campo Grande do Rio!

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  3. Deve ser muito bom morar nesse lugar!

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  4. Ingrid Silveira de Lima06 junho, 2017 19:57

    Achei lindo o residencial.

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  5. Valeu Fernando Fonseca!
    Grato pela visita.

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  6. Valeu Professora Talita Gonçalves!
    Grato pela visita.

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  7. Valeu Marcos Silva!
    Grato pela visita.

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  8. Valeu Ingrid Silveira!
    Grato pela visita.

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  9. HAAA cabuçu como amo meu bairro💖😍

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  10. E o prefeito Crivella está mudando o nome da Estrada do Cabuçu, não deixem por favor.

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  11. Obrigado amigo Professor Adinalzir. Belo trabalho de pesquisa e aprendizado pra todos nós!

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  12. Mudar o nome de um lugar é destruir a História de um povo.

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  13. Mudar o nome de um lugar é destruir a História de um povo.

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  14. Não podemos deixar a história e a identidade da Estrada do Cabuçu ser destruída.

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  15. Não podemos deixar a história e a identidade da Estrada do Cabuçu ser destruída. Tanta coisa pra fazer e Crivella quer mudar o nome de um lugar.

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  16. Esse Crivella fez besteira na chegada, no meio, e agora, na saída.

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  17. Na saída o Prefeito fez uma cagada...
    Vamos nos unir p não deixar a nossa Estrada do Cabuçu ir embora

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  18. Nota zero pro Crivela tanta coisa pra ser feita,vem querer mudar nome de Rua que é patrimônio. Se manca prefeito vai com Deus pra nunca mais voltar

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  19. Nada contra quererem homenagear o Bispo Daniel Malafaia, no entanto mudar o nome de uma estrada importante na história de Campo Grande sem ao menos uma consulta à população do bairro, é uma grande falta de respeito. Espero que o bom senso fale mais alto e o decreto seja cancelado. Querem homenagear o Bispo? Construam uma escola e coloquem seu nome. Deixem a história do nosso bairro em paz.
    Vá embora logo Crivella, você não deixará saudade.

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  20. A nossa história não deve ser mudada,sou moradora de Campo Grande, realmente construam uma escola ,ponte ,viaduto e faça homenagem ao bispo Daniel Malafaia.
    Agora mudar a Estrada do Cabuçu casa pra nós.

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  21. Tem que preservar a história. Totalmente desnecessário e desrespeitoso com o povo do Cabuçu.

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  22. Grande historiador fico feliz por conhecer esse relato obrigado.

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  23. Estou exatamente no largo do Rio da Prata.
    Recomendo, lugar extremamente agradável. Sensação de está em cidadezinha pequena.

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  24. Conheço estrada de cabucu inclusive estarei amanhã no Rio da prata

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  25. Um pedaço da história de campo Grande

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  26. Gostei Bastante , Muito Bom saber mais um pouco sobre nossa História

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