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Segundo a historiadora
Mary Del Priore, durante toda a história da humanidade, a beleza corporal feminina não estava na nudez das mulheres. Mas sim no esconder o corpo, quanto mais escondido, mais o interesse masculino era despertado. A mudança somente ocorreu com a invenção dos lingeries, especialmente após a década de 1920.
"Quando o Brasil era a Terra de Santa Cruz, as mulheres tinham de se enfear e os homens precisavam dormir de lado, nunca de costas, porque a concentração de calor na região lombar excitava os órgãos sexuais. E nos momentos a sós - geralmente no meio do mato, e não em casa, porque chave era artigo de luxo e não era possível fechar as portas aos olhares e ouvidos curiosos -, as mulheres levantavam as saias e os homens abaixavam as calças e ceroulas. Tirar a roupa era proibido. E beijar na boca? Bem... sem pasta e escova de dentes, era difícil.
Mas como o proibido aguça mais a vontade, a instituição que mais repreendia os afoitos, ironicamente, acabou se tornando o templo da perdição. Onde as pessoas poderiam se encontrar, trocar risos e galanteios e até ter relações sexuais, sem despertar suspeitas, se não no escurinho... das igrejas?
Casos saborosos como esses são narrados por uma das maiores historiadoras do país, Mary del Priore. Em Histórias Íntimas: Sexualidade e Erotismo na História do Brasil, ela mostra como a sexualidade e a noção de intimidade foram mudando ao longo do tempo, influenciadas por questões políticas, econômicas e culturais, e passaram de um assunto a ser evitado a todo custo para um dos mais comentados nos dias de hoje."
"Mary del Priore sabe como prender nossa atenção. Não conseguimos interromper a leitura, que nos leva aos bastidores da história de nosso país, começando pelo período colonial, passando pelo "hipócrita" século XIX, examinando o século XX e chegando aos nossos dias." - diz
Moacyr Scliar, no prefácio desse excelente livro.
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