domingo, junho 24, 2018

Tropeiros



Os tropeiros eram condutores de tropas de cavalo ou mulas, que atravessavam extensas áreas transportando gado e mercadorias.

Os percursos podiam durar várias semanas e envolvendo regiões do Sul, Sudeste e Cento-Oeste do Brasil. Essa atividade existiu desde o século 17 até início do século 20.

A partir do século 18, pequenos povoados começaram a surgir ao longo do trajeto das tropas, principalmente no Sul e Sudeste, onde os tropeiros paravam para trocar mercadorias e o gado podia pastar.

O comércio nesses povoados desenvolvia-se naturalmente para atender as tropas, ao mesmo tempo em que os tropeiros levavam e traziam mercadorias para esses povoados. Os tropeiros prestaram, assim, importante contribuição ao desenvolvimento das regiões por onde passaram e foram responsáveis pela integração econômica e cultural entre muitas regiões longínquas do Brasil Colônia, com o aparecimento de vilas, freguesias e cidades.

Os tropeiros percorriam uma distância aproximada de 40 Km diários, nos mais diversos tipos de terreno. Em direção a Minas Gerais, o transporte era feito no lombo de animais devido aos acidentes geográficos da região, o que, conseqüentemente, dificultava o transporte.

O tropeiro iniciava-se na profissão por volta dos 10 anos, acompanhando o pai, que era o negociante (compra e venda de animais) e o condutor da tropa. Usava chapelão de feltro preto, cinza ou marrom, de abas viradas, camisa de cor similar ao chapéu de pano forte, capa e/ou manta com uma abertura no centro, jogada sobre o ombro, botas de couro flexível que chegavam até o meio da coxa para proteção nos terrenos alagados, nas matas em dias de chuva.

 Foto - Luiz Napoleão de Jesus. Acervo- Paulo Lara

A alimentação dos tropeiros era constituída basicamente por toucinho, feijão, farinha, pimenta-do-reino, café, fubá e coité (um molho de vinagre com fruto cáustico espremido). Nos pousos, comiam feijão quase sem molho com pedaços de carne de sol e toucinho (feijão tropeiro), que era servido com farofa e couve picada. Já as bebidas alcoólicas só eram permitidas em ocasiões especiais: nos dias muitos frios tomavam um pouco de cachaça para evitar constipação e como remédio para picada de insetos.

O cavalo do tropeiro levava uma sela apetrechada com uma sacola, para guardar sua capa e ferramentas do uso diário. O resto da tropa era composta por muares (burros ou mulas), que formavam a fila de cargueiros à sua retaguarda. Esses animais eram responsáveis por carregar a “malotagem” composta pelos apetrechos e arreios necessários de cada animal no acondicionamento da carga e pela bruaca (bolsões de couro que eram colocados sobre a cangalha e serviam para guardar comida e mercadoria)

Em torno dessa atividade primitiva nasceram e viveram com largueza várias profissões e indústrias organizadas, como a de "rancheiro", proprietários de "rancho" ou alojamento em que pousavam as tropas. Geralmente não era retribuída a hospedagem, cobrando o seu proprietário apenas o milho e o pasto consumidos pelos animais, porque os tropeiros conduziam cozinhas próprias.

A profissão de ferrador também foi criada pelas necessidades desse fenômeno econômico-social, consistindo ela em pregar as ferraduras nos animais das tropas e acumulando geralmente a profissão de aveitar ou veterinário.

O tropeiro deveria ser capaz de resolver inúmeros problemas durante a viagem. As longas jornadas exigiam que ele fosse médico, soldado, artesão, caçador, pescador, cozinheiro, veterinário, negociante, mensageiro e agricultor. Tantos ofícios exigiam um arsenal variado de instrumentos e ferramentas.

1. Freme: espécie de canivete-suíço dos tropeiros. Suas lâminas e pontas eram usadas principalmente para "sangrar" cavalos e burros.

2. Puxavante: instrumento de ferro usado para aparar o casco do animal antes de receber a ferradura. O tipo mais antigo tinha este formato de foice; os mais recentes são semelhantes a pás.

3. Pito: instrumento de ferro usado para apertar o focinho do burro. Usado no animal a ser ferrado, especialmente se fosse bravo ou inquieta.

4. Holofote: lanterna do tropeiro, composta de um gomo de taquara ou bambu, cheio de querosene e com uma torcida de pano velho de algodão.

5. Ciculateira: cafeteira. Também era conhecida como chocolateira ou ainda esculateira.

6. Relho: chicote para animais usado ainda hoje no interior de Minas Gerais.

Texto extraído do site:
http://www.tropeirosdasgerais.com.br/historia.htm

Autor da Pesquisa - Guaraci Rosa
Postado por Adinalzir Pereira Lamego

5 comentários:

Adinalzir disse...

Uma excelente postagem. Estou compartilhando nas minhas redes sociais e também aqui no Saiba História. Isso é contribuir para fazer a História se tornar cada vez mais rica. Parabéns ao autor Guaraci Rosa!

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Bem interessante. Foram os tropeiros que de certo modo evitaram o isolamento dos territórios coloniais e das províncias antigas do Império brasileiro. Antes mesmo de haver estradas de rodagem, eles estavam lá nas trilhas subindo e descendo morros, atravessando vales, aquecendo a economia e agitando a vida em inúmeros povoados.

Adinalzir disse...

Prezado Rodrigo Phanardzis Ancora da Luz
Também sempre me fascinou essa história dos tropeiros. Eles praticamente muito contribuíram para enriquecimento da nossa economia.
Fico muito grato pelo seu comentário.
Um grande abraço!

Anônimo disse...

Parabéns, Exelente postagem.
Meu Avô foi tropeiro, viajava Bahia, Minas e Espírito Santo.

Anônimo disse...

Parabéns.gostei muito de ler sobre os trpeiros. Vou procurar saber mais.