sexta-feira, abril 22, 2011

Não havia higiene na Idade Média?

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É muito comum dizer que na Idade mèdia, os homens cheiravam mal e não trocavam de roupa, e os camponeses viviam com animais. Não existiam banhos, mesmo porque lavar-se não era coisa bem vista. Certo? Errado!

Banho público na Alemanha. Ilustração de manuscrito do século XV. Coleção do Castelo de Waldburg-Wolfegg.

Muita gente aprende nos bancos escolares ou em referências no cinema e em livros que os tempos medievais foram uma negação em matéria de asseio. Não é bem assim. Havia higiene na Idade Média, quando também se usava a água por prazer. Esse só não era um valor tão disseminado como hoje nas sociedades carentes, como em todos os períodos passados, de meios de educação abrangentes e democráticos.


Acervos preciosos de arte e objetos do período incluem itens usados na toalete de homens e mulheres, assim como iluminuras que representam pessoas se lavando. Os tratados de medicina e educação de Bartholomeus Anglicus, Vicente de Beauvais ou Aldobrandino de Siena, monges que viveram no século XIII, mostram uma preocupação real em valorizar a limpeza, principalmente a infantil.

A água era um elemento terapêutico e servia tanto para prevenir quanto para curar as doenças. Desenvolveram-se as estâncias termais e era recomendado e estimulado lavar-se regularmente. Como as casas não tinham água corrente, os grandes locais de higiene eram os banhos. Certamente herdados da Antiguidade, é provável que tenham voltado à moda graças aos cruzados retornados do Oriente, onde se havia conservado a tradição.

Nas cidades, a maioria dos bairros tinha banhos públicos, chamados de “estufas”, cuja abertura os pregoeiros anunciavam de manhã. Em 1292, Paris, por exemplo, contava com 27 estabelecimentos. Alguns deles pertenciam ao clero. O preço da entrada era elevado, e nem todos podiam visitá-los com assiduidade.


Na origem, os frequentadores se contentavam com a imersão em grandes banheiras de água quente. O procedimento se aperfeiçoou com o surgimento de banhos saturados de vapor de água. Utilizava-se o sabonete ou a saponária, planta que fazia a água espumar, para um melhor resultado. Para branquear os dentes, recorria-se a abrasivos à base de conchas e corais.


Tal era o sucesso desses locais que a corporação dos estufeiros foi regulamentada. Eles tinham direito a preços predeterminados e o dever de manter água própria e impedir a entrada de doentes e prostitutas. A verdade, porém, é que as estufas foram se transformando cada vez mais em lugar de encontros galantes: os banhos em comum e os quartos colocados à disposição dos clientes favoreciam a prostituição.


No século XIV, recorreu-se a éditos para separar os homens das mulheres, mas foi durante o século XV que se verificou uma mudança de mentalidade. A Igreja endureceu suas regras morais, pois passou a ver com maus olhos tudo quanto se relacionasse com o corpo. E os médicos já não consideravam a água benéfica, mas sim responsável e vetor de enfermidades e epidemias. Segundo eles, os poros dilatados facilitavam a entrada de miasmas e impurezas.


A grande peste de 1348 fez crescer esse entendimento. Desde então, passou-se a desconfiar da água, que devia ser usada com moderação. Os banhos declinaram e, pouco a pouco, desapareceram. Foi preciso aguardar o século XIX e o movimento higienista para que se produzisse uma nova mudança de mentalidade.


Texto de Olivier Tosseri, na Revista História Viva

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27 comentários:

Professor Josimar Tais disse...

Convenhamos que esse tipo de banho coletivo, por mais que se buscasse a limpeza e a higiene, não eram tão higiênicos assim. Nem sempre o que vale é a intenção...
Prof, desejo a vc uma ótima Páscoa. Abraço.

Curso Gratis disse...

Olá, tudo bem?

Meu nome é Yuri, sou responsável pelo site Curso Gratis Online.
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Adinalzir disse...

Prezado Professor Josimar
É isso aí! Fico muito grato pelo comentário e desejo uma ótima Páscoa para você também!
Um grande abraço!

Adinalzir disse...

Ao Curso Grátis
Prezado Yuri
Seu trabalho é muito importante na divulgação do conhecimento para todos. Pode contar com a minha parceria, com certeza.
Grato pela visita e um grande abraço!

Valdeir Almeida disse...

Prof. Adinalzir,

Acho salutar essas informações que você tem nos trazido.

Os livros didáticos de história trazem muitas teorias e factóides (e não fatos).

Eu sou um dos que aprederam que na Idade Média as pessoas não tomavam banho, eram "porcas". Desmistifiquei.

Abraços, professor, e Feliz Páscoa.

Adinalzir disse...

Prezado Valdeir Almeida
A verdadeira História é isso. É para desmistificar. É desconstruir mitos.
Muito obrigado pela visita, e uma ótima Páscoa para você também!

José Lima Dias Júnior disse...

O período da Idade Média não pode ser considero como a "Idade das Trevas", isto é, uma época "obscura", marcada pelo atraso e pela ignorância.
Parabenizo pela postagem, desconhecia tal fato.

Um forte abraço e Feliz Páscoa!

Adinalzir disse...

Prezado José Lima Dias Júnior
Sua visita e comentários são sempre muito bem vindos por aqui.
Abraços e um ótimo domingo!

Adinalzir disse...

Caro Poeta Renato Douglas
Fico muito grato pela visita e comentário. Em breve estarei também visitando o seu blog.
Um forte abraço!

Luiz Reginaldo Silva disse...

Prof. Adinalzir,

Muito bem expressa esta parte da história que coloca em xeque a mentalidade da época medieval junto com seu cotidiano numa Europa ainda que feudal.

Belíssimo artigo e continuemos nesta pegada.

Desejo de uma ótima Páscoa.
Abraços.

Adinalzir disse...

Caro Prof. Luiz Reginaldo Silva
Sua visita e seus comentários são sempre muito bem vindos. Que estejamos sempre unidos na trilha da História. Uma ótima Páscoa para você também! Abraços.

Unknown disse...

Prof. Adinalzir fiquei muito honrado com sua visita e com a parceria no Descobrindo História, seu blog ja era uma grande referencia para mim, e adicionei o seu link e continuo seguindo seu blog. Obrigado!

Adinalzir disse...

Prezado Thiago C. Soares
Agradeço pela visita e pode contar comigo nessa parceria. E sempre unidos pela História.
Um grande abraço! :-)

Leonardo Oliveira disse...

Fale, Professor Adinalzir!!!
Ao ler seu post lembrei do livro que a historiadora Mary Del Priore está lançando "Histórias Íntimas – sexualidade e erotismo na história do Brasil". Em sua etrevista no programa do Jo, a autora aborda, dentre outros temas, essa questão do banho e da prática de se perfumar. Parece ser um livro bem legal. Fica a dica!

Chá das Cinco disse...

Aula de História on line totalmente grátis é aqui!

Tô dentro Professor Adinalzir
Beijos

Gemária Sampaio

esteblogminharua disse...

Amigo Adinalzir, mais gotas deliciosas de História desse imenso Conta-Gotas que é seu blog. Parabéns.
Paraonicamente
Franz

Unknown disse...

Pois é ficamos mais enriquecidos com um relato de relevância histórica.
Valeu professor, isso é História e informação.
Abraço

Construindo História Hoje disse...

Grande lição de História Professor. O Saiba História sempre acrescentando conteúdos enriquecedores na blogosfera.
Saudações.

Anônimo disse...

Olá passando para retribuir a visitinha, e agradecer pelo recado. Parabéns pelo seu trabalho. Desde já serei teu seguidor.]

Abraços!

danbrandao disse...

Parabéns pelo espaço esta muito bom e de grande valia para o conhecimento, um abraço.
Daniel Brandão.
http://danbrandao.blogspot.com

Adinalzir disse...

Prezado Leonardo Oliveira
Valeu pela dica do livro e muito obrigado pela visita!
Abraços, :-)

Adinalzir disse...

Ao Chá das Cinco
Prezada Gemária Sampaio
Seu blog e seus textos criativos e inteligentes também contribuem e muito para enriquecer a blogosfera. Agradeço pela visita. Já virei um seguidor. Beijos, :-)

Adinalzir disse...

Meu caro Franz
Fico grato pela visita e pelos seus comentários sempre muito estimulantes.
Um grande abraço!

Adinalzir disse...

Prezado Lucidreira
Eu também aprendo muito quando visito os seus blogs, que também são muito ricos em cultura e informação. Me aguarde em breve por lá.
Abraços! :-)

Adinalzir disse...

Prezado Leandro CHH
Lembrando que seus blogs, também passam para todos nós grandes lições de História. Valeu pela visita!

Adinalzir disse...

Caro Poeta Renato Douglas
Fico muito grato mais uma vez com sua visita e comentário.
Um grande abraço!

Adinalzir disse...

Prezado danbrandao
Comentários e visitas são sempre de muito valor para todos nós blogueiros. Quando puder, siga também o Saiba História.
Um forte abraço!